01 fevereiro, 2011

Esperando pelo carteiro.

foto Berdades
Longe vão os tempos em que nas mercearias (típicas "vendas" madeirenses) se levantavam as cartas vindas dos familiares emigrantes e também se compravam os selos para as cartas a remeter.
Hoje tudo se alterou e, mesmo nas próprias estações dos correios, a venda de selos baixou  porque as cartas escritas aos familiares emigrados já são raras. O telefone e a internet assim o permitiram.
A propósito, recordo-me duma história verídica que aconteceu  comigo durante a minha curta passagem (2 meses) por carteiro aos 19 anos de idade, quando nas férias da escola foi substituir as ferias do carteiro: 
Uma senhora já de idade esperava por mim na berma da estrada. A chegada do carteiro era ansiosamente aguardada para comprar um selo que serviria para mandar a carta para a filha que estava emigrada na França. Dei-lhe o selo e a senhora pagou. Depois, pergunta-me com um ar tão inocente:
- E como vou pregar o selo na carta?
Respondi de pronto, indicando a zona do subscrito onde deveria coloca-lo, que pregasse com saliva.
- Ah, mas eu não trouxe! Respondeu-me atrapalhada.
- Olhe, então pregue com cuspo!
-Ah, assim tá bem!
E lá lambeu o selo e colou na carta que depois me entregou avisando:
- Não se esqueça dela no fundo da pasta!

4 comentários:

fazila disse...

Que saudades destes tempos onde quase todos se conheciam,ondes as portas ficavam abertas...onde tudo era mais personalisado e directo...o carteiro chegava pela tarde a minha aldeia trazendo sorrisos e apitando a corneta...trazia boas novas...sonhos...sentimentos transcritos em papel... por vezes era triste constatar que ele nada trazia...mas... sempre com um sorriso, dizia-nos..."Talvez amanha..."E era dessa esperanca que as nossas almas tristes e conformadas viviam...Bem Haja Marcelino, por esta lembranca tao bonita.

Maria disse...

Grande recordação senhor Marcelino.
Não sabia que tinha sido carteiro, mas gostei dessa história.

Zulmira Pestana disse...

Esta do carteiro fez-me recordar os meus tempos de infancia,qd eu estive algum tempo na Ponta do Pargo e o posto de correios era na casa da D.Arfinha lembro que as pessoas iam para lá esperar que o correio chegasse,lembro tbm que a grande maioria não sabia ler e então algumas pessoas pediam-me para ler e tbm para responder ás cartas teria eu uns 7 ou 8 anos mas lia bem...O.B.S:eu comecei a escola aos 6 anos com a cartilha João de Deus!!!E lembro tbm qd já no Funchal e eu adolescente namorava e esperava ouvir a corneta do carteiro para ver se ele me trazia carta ou aérograma... ( recordações dum passado distante )...

silvia_vdfr disse...

Grande flash-back!!!! Outros tempos, outras pessoas... outra maneira de ser! Sem duvida os melhores momentos de uma vida...

C'ma Diz O Outro #100