16 novembro, 2005

Subsidio dos filhos e a esmola dos enteados


Segundo a imprensa, o IDRAM deixará de suportar as despesas de manutenção da relva, da electricidade e água das instalações desportivas pertencentes aos clubes. De certo modo esta medida colocou já alguns dirigentes em “estado de sítio”, pois não sabem com que meios suportarão tamanha despesa. Por outro lado, outros existem em que a medida em nada alterará o cofre dos seus clubes, já que quem suporta tais encargos são as Câmaras Municipais que, para além da atribuição mensal de subsídios (nalguns casos igual ou superior aos do IDRAM), ainda suportam as despesas dos combustíveis e manutenções da frota automóvel do(s) clube(s). É como diz o ditado: “uns são filhos e outros enteados”. E se os enteados fazem das tripas coração para levar a água ao seu moinho, já os filhos usam e abusam para extravasarem as suas ambições desmedidas, porque nada lhes custa. Afinal tudo é pago pelo erário público. Se os enteados preocupam-se inscrever só atletas regionais para não serem penalizados no subsidio do IDRAM, já os filhos excedem o limite de inscrições de atletas não regionais, porque sabem que serão compensados na penalização do IDRAM por outro subsidio da autarquia. Refira-se, a titulo de exemplo, que estas penalizações são de 10% por cada atleta que exceda os limites impostos pela Resolução nº 950/2005, de 15 de Julho, as quais serão deduzidas no próprio ano da competição, sendo que, nalguns casos, existem clubes que serão penalizados pelo IDRAM em mais de 30% no subsidio, mas nem por isso lhes causam remorsos! Se as autarquias adoptassem também esta regra alguns clubes em vez de receberem ainda pagavam! Ia ser bonito!
Se os enteados pensam fazer um campeonato regular para não descerem de divisão, já os filhos pensam em voos mais altos para subirem (é legal e legitimo).
Se os enteados contratam Bonamigo’s os filhos contratam Mourinhos’s.
Mas o caricato da situação é quando na mesma competição os enteados ultrapassam os filhos. Pois é, aqui é que a porca torce o rabo e o subsídio já não manda!
E quando a ambos a sorte lhes é madrasta? Os enteados aplicam-se de corpo e alma, lutando com raça, brio e muito amor à camisola. Os filhos, em vez disto, vão à bruxa “curar d’olhado”. Haja paciência!
Para grandes males um bom remédio: maior responsabilização desportiva, quer dos seus agentes, quer de quem subsidia!
Texto publicado pelo Autor na secção Cartas do Desporto do DN Madeira

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C'ma Diz O Outro #99