"A Luta pela Recordação
Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor. Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando. De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar... Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias... "Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer'
Os meus pensamentos foram-se afastando de mim, mas, chegado a um caminho acolhedor, repilo os tumultuosos pesares e detenho-me, de olhos fechados, enervado num aroma de afastamento que eu próprio fui conservando, na minha pequena luta contra a vida. Só vivi ontem. Ele tem agora essa nudez à espera do que deseja, selo provisório que nos vai envelhecendo sem amor. Ontem é uma árvore de longas ramagens, e estou estendido à sua sombra, recordando. De súbito, contemplo, surpreendido, longas caravanas de caminhantes que, chegados como eu a este caminho, com os olhos adormecidos na recordação, entoam canções e recordam. E algo me diz que mudaram para se deter, que falaram para se calar, que abriram os olhos atónitos ante a festa das estrelas para os fechar e recordar... Estendido neste novo caminho, com os olhos ávidos florescidos de afastamento, procuro em vão interceptar o rio do tempo que tremula sobre as minhas atitudes. Mas a água que consigo recolher fica aprisionada nos tanques ocultos do meu coração em que amanhã terão de se submergir as minhas velhas mãos solitárias... "Pablo Neruda, in 'Nasci para Nascer'
A última fotografia que tiraste, em que posaste a meu lado todo sorridente, naquele factidico passeio, faz hoje precisamente 6 (seis) anos. Momentos depois, quis Deus que "partisses" no Seu Caminho, deixando-nos tristes mas crentes que estejas na Sua companhia e sempre presente em nossos corações. Daí consegues ver as injustiças e crueldades deste Mundo, das quais também foste uma vitima inocente. Por Ti, e a Ti Ruben, esta singela homenagem dos "companheiros" da ultima caminhada.
4 comentários:
Muito bela , esta mensagem para o teu amigo...so morre quem nao e amado e recordado com tanto carinho!Que Deus de paz a sua alma!
Ariete Carvalho
Bela homenagem ao teu amigo! So morre quem nunca e amado e recordado com carinho.Que sua alma tenha encontrado paz eterna!
Ariete Carvalho
Ruben mesmo com muita magoa ainda guardo a tua História triste que pôs Santana inteira num mar de lágrimas. Mas certa de que Deus é bom Pai e de Misericórdia Infinita, sei que Ele não te abandonou. Trago-te sempre na lembrança como fosses meu filho.
Bela homenagem a alguém que já partiu há seis anos. Este mundo é mesmo muito cruel, leva-nos o que merece ficar e o que deve partir fica.
Beijinhos
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